sábado, 14 de dezembro de 2013

"Sings" de Marley Carroll em 140 caracteres


Camaleónico produtor de Asheville deixa grande parte da cantoria concentrada nas primeiras canções. Música de dança entusiasmante a espaços.







sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

"Love's Crushing Diamond" dos Mutual Benefit em 140 caracteres



Folk choninhas que aspira tirar os pés do chão. Uma choradeira a espaços bela que está anos-luz daquilo que Sufjan Stevens fez em Illnois.





segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

[Volta ao Mundo] Albânia #4: Blla Blla Blla


Para a generalidade das bandas, atingir a marca dos 25 anos de carreira é assinalável, mas na Albânia dá direito ao estatuto de lenda viva. Quando os Blla Blla Blla surgem em 1988, já os Gjurmet tinham chegado ao fim e o regime Estalinista de Enver Hoxha caído. 

Em 1999, depois de uma singular caminhada de mais de uma década sem discos, o violinista Ermalj junta-se à banda transformando o seu som naquilo que conhecemos hoje. Ao virar do século, o quarteto edita um álbum homónimo e, em 2005, lança Over Sky Ballkanishe Re-form. Ambos revelam um som peculiar que deve muito ao rock progressivo e cantado em albanês. Lendas vivas, portanto.

domingo, 8 de dezembro de 2013

"Demons" de Jessica Hernandez & the Deltas em 140 caracteres



Depois de sair da Blue Note, Jessica Hernandez (da Detroit da Motown) lança EP que serve para marcar presença enquanto não chega o disco.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nelson Mandela e a Música


A música pop terá amado mais Mandela do que o contrário. Ao longo de vários anos, os apelos e homenagens multiplicaram-se, entre Londres e a África do Sul. "Estas são as minhas heroínas e este é um dos melhores dias da minha vida", terá brincado quando assistiu à actuação das Spice Girls na digressão que passou pelo país. 

É só nos anos 80, quando transferido para a Prisão Pollsmoor que a música pop começa a colocar na prática o discurso teórico que apelava à sua libertação. "Nelson Mandela", também conhecida por "Free Nelson Mandela", é editada em 1984, quando este já conta com 21 longos anos de prisão. Foi escrita por Jerry Dammers e gravada pelos Special A.K.A.



Um ano depois, os Artists United Against Apartheid, ou seja, Steven Van Zandt (guitarrista da E Street Band) e um infindável número de músicos (Bruce Springsteen, Miles Davis, Bob Dylan, Lou Reed, Run DMC, entre muitos outros), gravam "Sun City" muito ao estilo do célebre "We are the world".



1980 marca a gravação de "Gimme Hope Jo'anna" de Eddy Grant, hino anti-apartheid.



Em 1988, Wembley recebe o Free Nelson Mandela Concert, evento que conta com a presença de Sting, George Michael, Eurythmics, Al Green, Bee Gees, UB40, Stevie Wonder, Salt N Pepa, Whitney Houstoun e Peter Gabriel.

Depois da sua libertação, a música não deixa de o homenagear. Johnny Clegg referiu-se a "Asimbonanga" como uma homenagem a "um maiores sul africanos".



O concerto que celebrou o seu 90º aniversário junta Will Smith, Amy Winehouse, Josh Groban, Queen e Paul Rodgers e Johnny Clegg, no Hyde Park, em Londres.

No que diz respeito a músicos sul africanos, 1987 marca a gravação de "Bring Him Back Home", de Hugh Masekela. Vusi Mahlasela, um dos maiores opositores do Apartheid, gravou "When You Come Back", em 1992. No mesmo ano, Lucky Dube, homem do reggae, deu-nos "House of Exile". Brenda Fassie, a rainha da pop africana, dedicou-lhe a canção "Black President".

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

2013, o ano em que recordámos Nina Simone


2013 é ano redondo no calendário Nina Simone. Se fosse viva, teria celebrado o seu 80º aniversário no dia 21 de Fevereiro de 2013, ano que nos tem recordado regularmente que a voz de "I Loves You Porgy" é uma das mais influentes de sempre. Uma influência que vai de Lauryn Hill a Christina Aguilera. Primeiro foi o polémico anúncio de Zoe Saldana enquanto protagonista do biopic não autorizado. Depois, o badalado sample de "Strange Fruit" do muito discutido Yeezus de Kanye West. Agora, é a vez de Xiu Xiu convidar malta do avant-jazz e reinterpretar as canções de Nina, num álbum arriscado e que não procura uma forma bela de apresentar a essas canções que são uma força da natureza. A voz de Nina Simone era a sua força. E que força. Enfrentava qualquer medo, qualquer oposição. "Eles estão a matar-nos um a um", desabafava após a morte de Martin Luther King. Felizmente a sua voz e a de outros como Luther King e Malcolm X fez-se ouvir mais alto do que qualquer disparo. Ainda hoje trememos.

Convidámos Selma Uamusse (Wraygunn, Cacique 97, Soulbizness e voz que presta Tributo a Nina Simone desde 2009) a comentar a omnipresença de Nina Simone no ano que marca uma década desde o seu desaparecimento. De Moçambique, rapidamente acedeu de forma disponível ao nosso pedido: "estou em estúdio e meio ocupada, mas este ano a Nina comemoraria 80 anos se estivesse viva. Por outro lado, passam 50 anos [desde] o discurso de Martin Luther King, associado aos movimentos cívicos, [sendo que] a Nina teve um enorme papel de intervenção. Um biopic dela faz antever um recordar de todo esse papel social e musical. Fiz um Tributo à Nina em 2009, a Meshell Ndegeocello e a Jacinta este ano. Penso que a principal razão para todas estas movimentações é a enorme mulher que a Nina foi e, tendo alguns temas muito conhecidos, tem um legado interessantíssimo que não chegou a todos e que, começando a explorar, [nos leva a] estudar todo um potencial de intervenção, uma sonoridade intemporal, letras profundas e interpretações inesquecíveis". 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Blood Orange - Cupid Deluxe


Primeiro foi a brincar. Brincar às bandas. Brincar aos punks. Tudo inconsequente, tudo sem pensar mais do que no momento, tudo para engatar umas miúdas ou, sabemos hoje, uns miúdos. Os Test Icicles eram, vá, maus. Menos maus, mas mais aborrecidos eram os Lightspeed Champion e a sua country choninhas, pop que se confunde com inúmeras outras banalidades.  Há um comentário num dos vídeos promocionais que ousa dizer que isto é melhor que Blood Orange. Talvez seja, se compararmos com o ainda insonso primeiro disco do pseudónimo de Devonté Hynes. Agora é a sério. Se o passado lhe servir de alguma coisa será para perceber o que não deve voltar a fazer. Mas já o tínhamos debaixo de olho. Ao longo dos últimos meses, Hynes escreveu e produziu canções para Solange e Sky Ferreira, para além da versão que as MKS fizeram para "Swimming Pools", o original do super-fantástico Kendrick Lamar. Isto agora é a sério.

Esse dedo de produtor é visível, há um cuidado imenso com a apresentação das canções. A parte mais idiota da crítica aponta para a esse pseudo-género que já ninguém percebe onde começa e acaba, a chillwave. A parte mais iluminada aponta para uma capa camaleónica que não dá aso a grandes catalogações. Soul, funk, jazz, hip hop, r&b, enfim, algumas das mais estimulantes linguagens dos nossos tempos. E há uma saudável dose de fanatismo por Prince, embora Hynes aponte para Philip Glass e Arthur Russell como heróis. Acreditamos que será mais uma admiração teórica, de formação do homem enquanto músico. Tal como as suas referências, o músico acredita que no futuro tem que se desafiar constantemente e é por isso que já está envolvido na composição da banda sonora de um novo filme de Gia Coppola e a trabalhar numa ópera. 

Tal como Danny Brown fez há meses com Old, perverso documentário da sua infância e da desgraça em que caiu a falida cidade Detroit, Blood Orange desenvolve Cupid Deluxe à volta de uma Nova Iorque que, apesar de tudo, o continua a entusiasmar sete anos depois daí ter assentado arraiais. Num disco também assombrado por relações falhadas, o produtor escreveu, produziu e tocou quase tudo o que aqui ouvimos, mas também chamou alguma malta indie - David Longstreth (Dirty Projectors) e Carolina Polachek (Chairlift) -, dois rappers (Despot e Skepta), um outro produtor (Clams Casino) e, principalmente, Samantha Urbani, dos Friends, que surge em sete das dez canções de Cupid Deluxe. Nenhuma soa fora do baralho.

Agora é a sério, Mr. Hynes. Até porque, a partir daqui, já não será possível ignorá-lo.