"Nunca faço nem metade do que me diz a vontade / Nunca faço nem metade do que me diz a razão" (Capitão Fausto, "Nunca Faço Nem Metade")
"Detesto fazer anos porque sinto o tempo escasso, para tanta coisa e tanto espaço!" (Capicua, "Sindroma de Peter Pan")
Para lá do manifesto cosmopolita que é o novo álbum de Capicua, para lá do objecto psicadélico/vénia à obra dos Tame Impala que é o novo dos Capitão Fausto. Não é por se distinguirem como dois dos melhores discos destes primeiros quatro meses de 2014 que os juntamos neste mesmo texto. Ambos espelham uma outra vontade. Ou antes o apoquento que é viver todos os dias no século XXI, com a Internet. São 10 da matina e já está tudo lixado. Dois novos mini-documentários (um libertado hoje, outro que nos escapou ontem), três ou quatro álbuns disponibilizados para audição gratuita (no bandcamp, no NPR, no Advance da Pitchfork, quem quer saber?) e uma data de filmes que juntamos aos 1001 links que fomos guardando nos favoritos, antes daquele problema que nos obrigou a formatar a máquina e a fazer reboot à lista de espera. Capicua e os Capitão Fausto cresceram neste (efémero) tempo. É aflitivo e o truque pode passar por criar filtros, correndo sempre o risco de nos escapar uma data de próximas grandes cenas.