sábado, 31 de maio de 2014

War on Drugs - Lost in a Dream


Adam Gradunciel penou para fechar este disco - o fim de uma relação, as noites sem sono, o período de composição. Lost in a Dream tem sido encarado com uma surpresa, mas os mais curiosos já a tinham desembrulhado com o anterior e menos acessível Slave Ambient. Na altura, vimo-los embrulhados em guitarras distorcidas a apresentar um álbum nubloso Musicbox. Lost in a Dream não é um declarado ataque ao grande público, mas é óbvia a intenção de alargar o culto. 

Na medida em que funciona como catarse e expurgação, é o Muchacho (dos Phosphorescent) de 2014. Mas há mais referências. Das óbvias (Dylan, Springsteen, The Cure) às menos óbvias (Joy Division, Destroyer). Até hoje ofuscado pelo génio de Kurt Vile, Gradunciel tem finalmente um disco capaz de o fazer sair da sombra do ex-War on Drugs.

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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Pearls Negras - Biggie Apple


A poeira assentou, o baile funk, sejamos literais, perdeu o tesão e parece preparado para voltar a atravessar o Atlântico, seis/sete anos depois dos Bonde do Rolê. Pode ser coisa desta coisa das Internets e até pode não voltar a acontecer, mas, de quatro em quatro anos, o mundo vira atenções para o ponto do globo em que a cruz assinala a sede do campeonato do mundo. Em 2010, os Die Antwoord, este ano, quem sabe, estas Pearls Negras. Ambos exploram uma caldeirão alargado que alberga, entre outras linguagens, o hip hop e uma electrónica chunga, pirosa, entusiasmante. Os sul africanos agarravam em tudo o que podiam, as brasileiras fazem o mesmo, mas com o rótulo de baile funk associado. Três meninas do Rio "a representar o rap de saia" e assumirem uma postura que só podia ser tomada em 2014, num mundo global, onde cabe tudo. Esse cosmopolitismo começa no nome do projecto e acaba no título da mixtape. Diplo já não soa tão fresco.

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domingo, 18 de maio de 2014

[Volta ao Mundo] Albânia #6: Elita 5


Com mais de 20 anos de carreira, o rock dos Elita 5 cabe no rótulo de rock clássico, na abertura de um concerto dos Scorpions ou numa actuação no X-Factor local. São canções orelhudas, entre a balada e a "malha" hardrock. Criados poucos anos depois da queda do regime de Enver Hoxha, os Elita 5 ainda hoje tentam preservar as memórias desses anos, compondo canções com títulos como "Eu não sou um ditador".




CON VOS - Cocoon Bloom


Tal como os Throes e os Shine se juntaram para criar um novo rótulo, daqueles tão óbvios que ainda não tinha sido inventado, o rockuduro, os CON VOS são a fusão de uma menina da folk irlandesa, Socha Richardson, e dos rappers norte-americanos Fortunate Ones.  Há ecos da banda sonora de Drive, uma das mais influentes dos últimos anos, e de Devotion, a estreia discográfica da britânica Jessie Ware, mas o que impressiona é o facto desta toalha sonora servir tanto para o canto de uma como para as rimas dos outros.

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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Tony Molina - Dissed and Dismissed


E se o futuro da industria passa-se por aqui? Uma dúzia de minutos bem enxutos e cheios de intenção? Canções rápidas e disparadas à velocidade da Internet, canções de 140 caracteres, mas de  prazer inquestionável? Dissed and Dismissed é isso mesmo. 12 minutos de canções (ou esboços de canções) disparadas ao bom estilo dos Guided By Voices - a maior de todas tem um minutos e 32 segundos. No final, a sensação que tudo terminou demasiado rápido. E isto, nesta geração pós-Internet, só pode ser um elogio.

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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Black Lips - Underneath the Rainbow



Estão diferentes os Black Lips. Depois de aprumar a produção e chamar um aclamado produtor pop (Mark Ronson) para Arabia Mountain, o álbum anterior, a banda convoca o baterista da última das vacas sagradas do rock, Patrick Caney, dos Black Keys. Dá ideia que os Black Lips, passo a passo, vêm andando a preparar algo maior, o ataque ao grande público. Pena que tenham sacrificado as canções e que o maior desvio seja aquele irritante despertador que insiste em tocar ao longo de boa parte de "Drive By Buddy", a primeira canção. Resta areditar que em palco, e à imagem dos próprios Black Keys, a impresibilidade de outros tempos se mantenha.

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quinta-feira, 8 de maio de 2014

Kevin Drew - Darlings


O disco em que Kevin Drew mais se afasta dos Broken Social Scene e em que mais se expõe. Documento menos emocional e mais confessional. Menos rock, mais dado a apontamentos electrónicos.

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"Daughter of Everything" dos Vertical Scratchers em 140 caracteres


Canções rock curtas despachadas à Guided By Voices - a "perninha" de Bob Pollard em "Get Along With U" não será por acaso.

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quarta-feira, 7 de maio de 2014

The Coathangers - Suck My Shirt

Quarto álbum de três miúdas que nasceram com 20 anos de atraso. Um riff básico, mas com elevado risco de contágio e meia dúzia de palavras que reforçam a homenagem ao movimento riot-grrrl.

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segunda-feira, 5 de maio de 2014

"Mirrors the Sky" de Lyla Foy em 140 caracteres


Soa a estreia de quarto, a da londrina Lyla Foy. Um quarto frio, misterioso e partilhado com Marissa Nadler.

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