segunda-feira, 18 de agosto de 2014

[Fundo de Catálogo] Little Richard - Here's Little Richard (1957)


Numa altura em que havia tudo por fazer, encontramos diferenças claras entre o rock' n' roll de Bill Haley e Elvis e o de Little Richard. O jovem que veio do gospel demarca-se desde logo ao adicionar o piano a uma equação que já incluía sopros. As performances loucas eram condimentadas com monólogos e malabarismos - um saxofonista sola em cima do piano, enquanto Little Richard estica o pé a 90º. Os pais e os professores não gostam, os brancos imitam e vendem a sua própria versão dos acontecimentos. 



As performances teatrais que o jovem de Macon já ensaiava na igreja são agora levadas ao extremo, a noção de espectáculo adensa-se e Little Richard não dá hipóteses à concorrência. Eléctrico como poucos e polémico como nenhum outro - é atentar em "Tutti Frutti", mais que debatida canção de cariz sexual (perdão: homossexual) que lançou o puto talentoso do coro da igreja para os topes da Billboard. 



As dificuldades em lidar com o pai - nunca aprovou o comportamento de Richard - levam-no a deixar casa dos progenitores ainda na adolescência, tentando a sua sorte no mundo do espectáculo. O resultado é o que conhecemos: Here's Little Richards é um dos discos mais importantes da história da indústria discográfica. Meses depois convertia-se criando a Evangelist Team, espalhando a palavra estrada fora. O regresso seria feito de forma fria e com um retorno às raízes: o gospel. 

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Future Islands - Singles


Não é frequente, mas vai acontecendo: de tempos a tempos, o artista lá aproveita o tempo de antena que lhe é dado num espaço televisivo para oferecer algo mais que a interpretação aborrecida de uma canção. Já passaram mais de seis décadas desde que Elvis saltou para o mainstream no Ed Sullivan Show e os desvios continuam a ser raros. Assim de repente, lembramos os dos Arcade Fire no Letterman e no Saturday Night Live e dos Odd Future no Jimmy Fallon. Recentemente, os Future Islands juntaram-se ao restrito clube numa interpretação intensa de "Seasons" - sim, o facto de ser uma senhora canção também ajuda - no Letterman. O desvio no caso dos Future Islands centra-se no vocalista Samuel T. Herring, voz versátil, que vai da soul ao black metal, e inegável carisma que vale comparações com Ian Curtis. Singles faz jus ao nome, mas não é por isso que soa a plano premeditado de ataque às tabelas de vendas. A banda vai estar dia 23 de Outubro no Musicbox, em Lisboa para tirar todas as dúvidas.

✮✮✮✮✮✮✮