sábado, 29 de novembro de 2014

Black Bananas - Electric Brick Wall


Com as suas pares, Jennifer Herrema construiu nos 90s o legado que St. Vincent tem vindo a construir sozinha nos 2000. O paralelismo parra afirmar que Electric Brick Wall e Digital Witness são dois dos melhores discos de rock de 2014. Annie Clark criou um obra futurista, conceptual sobre o mundo digital, Herrema arranjou forma de fazer a música soar a ZZ Top (riffalhada), Sleigh Bells (beats hip hop) e Queens of The Stone Age (riffalhada stoner) a tocar ao mesmo tempo. É tão caótico como parece.


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O Balanço 2014 que é o Vodafone Mexefest #9 - Wild Beasts



Os Wild Beasts do início, qual grupo Vaudevillie, não se pareciam levar a sério. O caminho que se seguiu até chegar a esta obra-prima que é Present Tense primou pela coerência e por um som que já pede marca registada. A confusão começou com Two Dancers, registo de 2009 que com "Hooting & Howling" como cartão-de-visita confirmou um som mais cuidado e com o falsete de Hayden Thorpe como chavão. 

Present Tense só é mais do que Two Dancers e o mais tímido Smother porque as canções são melhores, porque tudo parece estar no sítio certo, como se de um sistema táctico ofensivo calibrado se tratasse. Há sempre um toque de génio que leva cada canção ao triunfo final. A sinceridade que a carga emocional da voz de Thorpe carrega é um trunfo, claro, mas não seria suficiente se tudo o resto não estivesse limado. Present Tense tem sido bastante comparado a OK Computer e percebe-se porquê: há uma obsessão pela produção que funciona a régua e esquadro, tal com o impecável penteado do vocalista dos Wild Beasts, eles, insaciáveis - tal como nós que só não estamos já a pensar no próximo porque não conseguimos parar de ouvir este.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

O Balanço 2014 que é o Vodafone Mexefest #8 - Perfume Genius



A carga emocional da música de Perfume Genius é imensa. Too Bright segue as pisadas de Put Your Back N 2 It, mas segue caminhos ainda mais arriscados. Mike Hadreas parte das suas fraquezas - a figura franzina do músico, aliada a todas as inseguranças que vai documentando - para as transformar em forças: há muita confiança e risco na forma como Too Bright está construído - "My Body" e "I'ma a Mother", por exemplo, podiam ser dos Xiu Xiu. Nada disto parecia possível até aqui.

A homossexualidade faz parte de uma imagem cuidada e coerente: dos vídeos à capa, a luta contra a homofobia continua. Quem não quiser saber destes faits divers já tem muito com que se entreter: 11 portentosas canções.



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Strand of Oaks - HEAL


Podia ser a crónica da sua educação musical, o quarto álbum de Tim Showalter enquanto Strand of Oaks. Em "Goshen '97", por exemplo, descreve os tempos em que encontrou um rádio de cassetes do pai que o levou a apaixonar-se pela música e a ouvir Smashing Pumpkins. Na mesma canção convoca J. "Dinosaur Jr" Mascis para a guitarra e em "HEAL" cita Sharon Van Etten. Já o título de "JM", canção central, representa as iniciais para o recentemente falecido Jason Molina. 

Showalter quis um álbum maior do que tudo o que já fez, o que não era difícil pois o catálogo guardava canções de folk acústica sem grandes desvios. É também um disco de ajuste de contas com o passado, de redenção para com uma relação falhada. É atentar ao título do álbum, está lá tudo: HEAL, assim mesmo com caps lock activado que isto é para ser escutado como um dos melhores discos ROCK do ano.


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

O Balanço 2014 que é o Vodafone Mexefest #7 - Tune-Yards


Se pudermos extrapolar algo da música de Tune-Yards para a sua personalidade, arriscamos dizer que a autora deste Nikki Nack é duas/três destas muitas coisas: excêntrica, uma criança num corpo adulto, hiperativa, louca, exuberante, irrequieta, pujante. Para além disso é uma das mais excitantes personagens da pop actual que construiu para si e para os seus um mundo de conto de fadas, fantástico, muito próprio.

Depois do magnífico W H O K I L L, um novo álbum de Tune-Yards era encarado com uma das mais aguardadas edições do ano. Expectativas máximas, portanto, que ficam longe de defraudadas. Continua a ser de uma miúda de bubblegum na boca uma das mais desafiantes propostas do ano, entre o caldeirão de género sem vontade de se definir. Das duas uma: ou Nikki Nack era completamente diferente de W H O K I L L ou Tune-Yards fabricava uma bomba tão explosiva como a primeira. Se apostaram na segunda opção: touché. Ao vivo vai ser de loucos.


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O Balanço 2014 que é o Vodafone Mexefest #6 - St. Vincent


No fundo, está tudo naquele vídeo em que St. Vincent faz corar muitos craques da bola com uma execução perfeita do "rainbow move" - "escolhe qualquer coisa, aprofunda-a, torna-te no melhor". Depois do "rainbow move", St. Vincent atirou-se à arte da guitarra que, tal como o futebol, não conhece muitas executantes no feminino. Esse estudo de St. Vincent levou-a a terrenos nunca antes pisados, conferindo a Annie Clark um som único e uma personalidade singular. 

O terceiro e homónimo álbum de St. Vincent é várias coisas: é o mais pessoal, é o que melhor equilibra melodia com virtuosismo e é o mais equilibrado conjunto de canções que Clark já escreveu. Junta o melhor dos mundos dos três registos anteriores, os dois enquanto St. Vincent e aquele que gravou com Byrne - "Digital Witness" podia estar em Love This Giant. Ainda bem que não está, pois no meio de tanto sopro e aborrecimento cairia no esquecimento. Mas a prova que a artista já domina as linguagens pop vem com "I Prefer Your Love", em que se nota a influência dela mesma, a Rainha Madonna. Brilhante.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O Balanço 2014 que é o Vodafone Mexefest #5 - Pharoahe Monch


A partir de quando é que um rapper passa a ser um veterano do hip hop? Pharoahe Monch já cá anda desde o século passado, 1991, ano da estreia discográfica homónima dos Organized Konfusion. Ou seja, já cá anda há mais tempo que Jay-z e Eminem, só para citar dois mais notáveis. 

Pharoahe Monch marca o regresso do hip hop ao festival da Avenida - assim de repente, lembramos apenas da incendiária actuação de Spank Rock, em 2011, no Cabaret Maxime. Em destaque estará o mais recente PTDS - Post Traumatic Stress Desorder, álbum conceptual que acompanha um veterano de guerra (o próprio Monch numa batalha contra a indústria que o esqueceu?), cujo diagnóstico surge espelhado no título do álbum. O rapper chamou os seus colaboradores de sempre - a produção é quase toda de Lee Stone e Talib Kweli surge quase no fim, em "D.R.E.A.M." -, para denunciar os males da guerra e da desigualdade social. Monch vem de Queens pelo que as armas, a violência e as drogas não são esquecidos neste testemunho que, da capa à produção, incomoda.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

[Fundo de Catálogo] João Gilberto - Chega de Saudade (1959)


Alguns anos depois de Pixinguinha, Dorival Caymmi, Carmen Miranda e Luiz Gonzaga contribuírem para o cancioneiro brasileiro, João Gilberto criava a bossa nova, essa espécie de samba suave. João Gilberto é um génio. Dizemo-lo sem receio nenhum de usar o termo que premeia as mentes mais incríveis, aqueles a quem devemos algumas das leis, linguagens, disciplinas, obras de arte mais importantes e estimulantes da humanidade. Mas Chega de Saudade, objecto fundador de um novo género musical, não viveu apenas do génio criativo de João Gilberto, o músico foi acompanhado por Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim, braços direito e esquerdo (ou vice-versa) na direcção que a obra-prima haveria de tomar.


Chega de Saudade é um objecto (quase?) perfeito. Gilberto é um daqueles perfeccionistas capazes de reclamar com o ar condicionado (aconteceu), responsável pela afinação defeituosa dos instrumentos. Não há notas ao lado, o músico de Salvador não o admitia - era capaz de repetir uma canção 28 vezes (sim, também aconteceu) até atingir a perfeição. A bossa nova era criada e era a banda sonora de uma juventude que ainda procurava uma voz. Representa o optimismo de uma nação que tinha acabado de ganhar a Copa do Mundo e tinha em Pelé o rosto do sucesso. Representava a procura pelo hedonismo - a praia, o namoro de liceu, a leveza. João Gilberto é essa voz, a primeira de todas.

O Balanço 2014 que é o Vodafone Mexefest #4 - Sinkane


Diz-me com quem andas dir-te-ei a que soas. Sinkane, ou seja, Ahmed Gallab foi músico de estúdio dos Yeasayer, Caribou e Of Montreal, alguns dos mais desafiantes projectos surgidos nos últimos quinze anos. Colaborou ainda com Damon Albarn, Blood Orange e Alexis Taylor dos Hot Chip, malta interessada em quebrar as poucas barreiras ainda existentes num mundo cada vez mais global. O Sudanês mais ocidental do momento começou com instrumentais e, há dois anos, enveredou pelo caminho da canção. Em boa hora o fez pois chega agora ao ponto mais alto de uma ainda curta carreira como produtor. Nasceu em Londres, cresceu no Sudão e viveu em Columbus, no Ohio. A paleta sonora não só acompanha a viagem, como ainda a amplia: jazz, afrobeat, funk, bossa nova alimentam este extraordinário Mean Love.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O Balanço 2014 que é o Vodafone Mexefest #3 - Kindness


Há quem tenha colocado Kindness na prateleira chillwave, mania irritante, essa, de colocar tudo na prateleira da chillwave. Há ainda quem tenha dito que a sua música é house para hispters (seja lá o que isso for). A verdade: os rótulos mencionados são uma idiotice. A música de Kindness vai para lá da chillwave ou do house. É house, mas também é funk, disco, r&b e soul. No primeiro disco agarrou-se a Prince e no segundo surge aborrecido na capa, em contraste com um disco mais homogéneo para o qual chamou a nata da pop de hoje: Robyn, Kelela e Blood Orange. 

Woods - With Light and With Love


É sintomático que, desde 2006, os Woods não tenham picado o ponto discográfico apenas em 2013. Ponto de viragem? Nem mais. With Light and With Love é o primeiro disco dos Nova Iorquinos gravado num estúdio. Os fãs (fãs?) dos sete discos anteriores censurarão a opção pela maior fidelidade do som, mas é óbvia a abertura da banda a um mercado (mercado?) mais alargado. E, contas feitas, o som continua a explorar os mesmos territórios sonoros de sempre: do country à folk psicadélica. Por vezes lembram os Shins em boa forma, o que só pode ser um elogio, claro.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O Balanço 2014 que é o Vodafone Mexefest #2 - Deers


"Só vão pescar a Espanha porque é mais barato", dirão as más línguas acerca da contratação das Deers para o evento. A preguiça poderia levar-nos a uma conclusão deste género, mas, ouvindo as quatro canções do quarteto feminino, só sobra água na boca e coloca a Garagem da EPAL na rota do primeiro dia do festival. Talvez aliciadas pela história da música popular - este som contorce-se em vénias ao Phil Spector dos anos 60 e das girls-groups -, as Deers gravaram as canções (apenas duas) de BARN, em Berlim. O pormenor delicioso está no facto de o terem feito com um telemóvel, ou seja, podiam ter gravado "Castiagadas En El Granero" e "Between Cans" na Madrid Natal. "Não vão meter água", afirmarmos em defesa das críticas mais preguiçosas.

Big Freedie - Just Be Free


Isto de ser Rainha do bounce não vem do nada. Big Freedia (homem, homossexual, faz questão de o sublinhar) já cá anda desde os 90s a assumir a posição de embaixador-mor dessa corrente que deriva do hip hop e que está tão na ordem do dia. Não é raro um rapper repetir a palavra que dá nome ao estilo inúmeras vezes, em canções que glorificam esse movimento de anca que privilegia traseiros grandes e redondos - Major Lazer hiperbolizou a coisa, mas fica a ideia. Just Be Free também privilegia a repetição de sons, um loop interminável de palavras, sons, coisa nenhuma. Não admira que isto ganhe nova vida ao vivo, o seu habitat natural. O quarto álbum de Big Freedla é composto por 32 excitantes e frenéticos minutos. Numa sala cheia deve ser incrível.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Alex G - DSU


Alex Giannascoli, 21. Miúdo prodígio que se tem refugiado no quarto para criar algumas das coisas mais importantes da ainda curta, mas, adivinhamos nós, cheia de vida. Ritmo de "edição" "beatlesco" que pode ser comprovado no seu Bandcamp, canções com duração Guided By Voicianas, mas enxutas. As guitarras eléctricas e uma produção um pouco mais cuidada afastam-no de Julian Lynch, mas é essa a primeira referência que nos vem à cabeça.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O Balanço 2014 que é o Vodafone Mexefest #1 - Éme


Aguentem essas listas, muito do que de melhor se passa ou passou este ano vai passar por um dos palcos da Avenida da Liberdade. Até bem perto do festival, listaremos os nossos destaques.

Último Siso é o melhor disco da malta da Cafetra. Talvez porque não tenta colocar em prática o efeito repelente. Por mais que B Fachada defenda uma atitude singular - tanto em disco como fora dele - o que salta cá para fora é um estou-me-a-cagar-mas-afinal-não-estou. Não será um disco de viragem de todo o catálogo da editora, mas, ao segundo álbum, Éme, um tipo que parece estar a ser bem aconselhado (Walter Benjamin na gravação, Fachada na produção) demarca-se de todos os outros e assina um dos mais honestos e belos discos de 2014. Adeus som lo-fi, adeus acne, adeus último siso. Entusiasmamos-nos com o futuro.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

The Fresh & Onlys - House of Spirits


O caminho dos Fresh & Onlys tem ido no sentido de limpar o som, sujo no início, mais polido neste House of Spirits. Nada que impeça a distorção shoegaze de "Bells of Paonia"  ou as ligações menos óbvias ao psicadelismo - bem diferente de outras bandas (Foxygen, Thee Oh Sees) descaradamente psicadélicas de uma cidade que virou o fetiche do momento. Tim Cohen, o mentor disto tudo, compôs num deserto, no Arizona, bem perto da costa Oeste dos Estados Unidos, fonte de inspiração para essa western "Animal of One" que também lembra os Cure, a par de "April Fools". Continua embrenhado em referências, mas longe do garage rock de antes, o som dos Fresh & Onlys. Nem Fresh, nem Onlys, mas continuam a valer a pena.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Dub Thompson - 9 Songs


Em 2004 eram os dois elementos dos Dub Thompson duas crianças com nove (sim, nove) velas sopradas, estreava nas salas de cinema um filme (?) intitulado de 9 Songs - basicamente, 71 minutos em que as imagens alternavam entre concertos de rock e cenas de sexo. Ou seja, bolinha no canto, os petizes ainda nem idade tinham para ver o Dragon Ball. A verdade é que 9 Songs parece ser uma referência ao filme-polémica que entretanto terá caído no esquecimento. Isto porque este 9 Songs "apenas" tem oito canções e um disco psicadélico e toda a gente sabe que nestas lides vale quase tudo.

E quão infindável será o caldeirão psicadélico em que até cabe uma faixa meio dub, meio rock, essa "No Time" que teve direito ao vídeo que podem ver aqui em baixo? Os Dub Thompson têm sido comparados aos Foxygen por duas razões: pelas origens (São Francisco) e pela produção deste 9 Songs, ao cuidado de Jonathan Rado, ele guitarrista dos... Foxygen. Clichés psicadélicos - exemplo: títulos de canções com nomes de espécies de dinossauros - à parte, o álbum de estreia dos Dub Thompson é um prometedor arranque de dois miúdos que ainda nem estão nos 20s.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

OOIOO - Gamel


Ao contrário da música de recursos limitados dos Konono No. 1, o som dos OOIOO parece ter possibilidades quase infinitas. Todas as canções têm metalofones, é esse o elemento comum a esta hora de som desregrado, com o som de uma guitarra aqui, um baixo ali, um registo tribal acolá, manobras psicadélicas mais adiante. O álbum está separado por faixas, mas podia não estar. Gamel é uma enorme faixa, partida em vários momentos que marcam mudanças semi-bruscas de abordagem. Quase não se notam, tivemos que espreitar várias vezes o player para verificar se já tínhamos mudado de canção. Desafiante viagem esta, a de um daqueles poucos álbuns que responde ao rótulo "world music".

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

[Fundo de Catálogo] Nina Simone - Little Girl Blue (1958)


Naquela altura não havia ninguém como Nina Simone. Melhor: nem naquela altura, que eram os finais dos anos 50, nem nos anos que se seguiram (até hoje) recebemos alguém como Nina Simone, eximia ao piano, maleável na voz, insuportável no feitio. "Não eram os seguranças que a defendiam, era ela que defendia os seguranças", brincava-se na altura. Nina cedo começou a revelar esses traços de uma personalidade complicada, a mesma que surge espelhada na interpretação destas e de muitas outras canções. No primeiro concerto "a sério" - antes tinha sido cantora e pianista residente num clube, o Exclusive Side Street Club - pai e mãe, que se tinham sentado na primeira fila, foram obrigados pela organização a sentar-se no fundo da sala. Nina insurgiu-se contra a medida racista rejeitando começar o concerto enquanto os pais não regressassem à fila dianteira. E esta atitude leva-nos a uma outra temática: a da luta pelos direitos civis. Nina Simone seria das poucas personalidades a sobreviver. Já antes tinha sido rejeitada no conservatório. Motivo: cor da pele. 

A infância não foi fácil para Eunice Kathleen Waymon, o verdadeiro nome da artista. Nasceu no seio de uma família evangélica pobre e que não aceito as derivações estilísticas da miúda que ainda para mais tinha mau feitio. Eunice aldrabou a mãe e substituiu o nome de baptismo para fazer nascer a lenda Nina Simone. Assim podia actuar à vontade sem que a mãe a apanhasse a interpretar a "música do demónio".


Mas regressemos à primeira ideia: naquela altura não havia ninguém como Nina Simone. Nos anos 50, Sarah Vaughan, Billie Holiday e outras, bastantes outras, editavam novo álbum quase ao ritmo de mês-sim-mês-não, mas limitavam-se a interpretar vocalmente as canções em padrões jazz. Nina era diferente: não só usava o vozeirão de forma dramática, como ainda tocava piano com poucos. É o que faz nesta auspiciosa estreia, maravilhosa interpretação de canções populares e jazz.