sábado, 18 de abril de 2015

POND - Man It Feels Like Space Again


É muito provável que seja desta que os POND se destacam definitivamente do rótulo de projecto paralelo dos tipos dos Tame Impala, até porque a ligar as duas bandas, já só sobra o baterista Jay Watson - Nick Allbrook deixou os Tame Impala e Kevin Parker já só toca na produção deste Man It Feels Like Space Again. Há, pois, melodias para retirar os POND do relativo anonimato. O sexto álbum dos australianos - o ritmo é de um por ano - não faz muito por se afastar da linha dos anteriores, mas saca meia dúzia de excelentes melodias que, no meio de todo este delírio psicadélico, o tornam acessível.





segunda-feira, 13 de abril de 2015

[Fundo de Catálogo] Dick Dale - Surfer's Choise (1962)


Dick Dale era apenas um surfista teso, um fã do country de Hank Wlliams, sem um tostão ou dólar. Sozinho inventou a surf music, uma das variantes do rock' n' roll que explorou o formato canção e o instrumental. 

É na guitarra que está a pedra de toque do género, uma nova abordagem que foi contra todas as convenções: o instrumento colocado ao contrário e com um som que parecia o de uma bateria e com eco. Os Shadows também terão sido uma influência, foram a banda que mais perto chegou ao som da guitarra de Dale, ele filho de pai libanês, cuja influência se vai notando no material do músico.


Dale era surfista, mas para ser da cena não era necessário sê-lo - apenas um dos Beach Boys (que também se estrearam timidamente em 62) o era. Mas justificou o surf como moda da altura: a Califórnia como palco de uma loucura generalizada - os jovens queriam praticar surf. Como ainda hoje acontece com outras modas, muitas foram as bandas que começaram tão rápido como acabaram: os Belairs e os Gamblers, por exemplo.


Depois do rock' n' roll, os sons multiplicavam-se: a surf music inventou uma dança, uma cena, um som. Dale chegou a trabalhar com a Fender na tentativa de criar um som mais alto e denso, algo que terá estados por trás da criação do heavy metal.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Father John Misty - I Love You, Honeybear


Josh Tillman, ou seja, o pregador Father John Misty tem os mesmo problemas que quase todos nós, personagens de um mundo contemporâneo de bolsos rotos, mas com smartphone em punho. John Misty refere "Deus" e "Jesus" umas quantas vezes, mas estará longe de ser cristão. "Amarás o próximo como a ti mesmo", sim, mas com a tecnologia fica difícil dares-te com o outro, quanto mais com o próximo. "True Affaction", paradoxalmente, discorre sobre essa mais do que debatida questão da substituição das pessoas pelo iPhone. Durante a transição de Fear Fun para este I Love You, Honeybear, Tillman encontrou o amor, seja lá o que isso for para John Misty, o sarcástico alter-ego. Nota-se na faixa homónima, apesar da dificuldade em discernir o que é sarcasmo do que é sincero. Não o queremos comparar às muitas faces de Dylan nem a Bowie, mas Father John Misty brinca com as nossas percepções e apela à nossa atenção num mundo em que é cada vez mais difícil parar durante 44 minutos e ouvir um grande disco.