terça-feira, 28 de julho de 2015

[Fundo de Catálogo] Supremes - Where Did Our Love Go (1964)


Para chegarmos à história da Motown e da explosão das Supremes, há que recuar aos anos 20 e 30, quando milhão e meio de afro-americanos terão deixado o Sul rural para investir numa vida melhor nas cidades industrializadas de Cleveland, Chicago e, claro, Detroit. A Motown foi um produto da cidade, da Motorcity que antes de conhecer a bancarrota nos anos 70 e adiante, representou o progresso até aos 60, com a General Motors, a Chrysler e a Ford. Esta última e a sua linha de montagem terá sido a inspiração para a editora, também ela uma linha de montagem, sim, mas de produtores e músicos. Os produtores: Lamont Dozier e os irmãos Brian e Eddie Holland. Os músicos: The Miracles, Martha and the Vandellas, The Temptations e os Four Tops, só para citar alguns dos mais celebrados na altura. 



O dinheiro não é o mais importante, dizia-se. E conseguimos acreditar que o que movia aquele conjunto de artistas era o progresso, a vontade de criar e continuar a desbravar caminhos. A evolução, tal como nos carros que eram construídos ali ao lado, é vital. O processo: escrever a canção, escolher o artista, arranjar a canção, entrar em estúdio, gravar, mixar e produzir. E a rodela estava na rua. As Supremes fizeram deste processo um trunfo e representaram a primeira banda de mulheres negras a ser alvo de grande exposição, foram as primeiras a colocar três singles do mesmo álbum no Top da Billboard. Where Did Our Love Go aguentou-se quatro semanas na 2ª posição e 89 nos Tops da mesma Billboard. Por outras palavras: introduziram o "Motown Sound" às massas.



Mas as Supremes não acertaram à primeira. Não: vários singles falharam ao longo de quatro/cinco anos, até que, inspiradas pelo som Phil Spector chegaram lá, ao estatuto de quase-Beatles. Where Did Your Love Go tem muito daquilo que o som das girls groups haveria de nos habituar: palmas, coros doo-wop e grandes melodias. E tem a faixa-título e "Baby Love", clássicos para sempre. O domínio haveria de durar até 1969, altura em que o ego de Diana Ross a levou para o campeonato da pop.

terça-feira, 14 de julho de 2015

[Fundo de Catálogo] Bob Dylan - The Times They Are a-Changin' (1964)


The Times They Are Changyin' surge na sequência de várias mudanças na vida emocional de Dylan, nomeadamente o fim da relação com Suze Rotolo - recordemos que é ela que surge agarrada ao músico na capa de The Freewheelin' Bob Dylan. Tornara-se a voz da sua geração, um escritor de canções. Este 3º álbum leva-o ainda mais longe que os anteriores, colocando o dedo na ferida em várias frentes: os direitos civis, a guerra fria e a luta de classes. As influências vão das baladas irlandesas e escocesas e a poesia beat.


The Times They Are Changyin'. A expressão ainda hoje é usada de forma corriqueira. Surgia pela primeira vez, poucos meses depois da morte de Kennedy e do sonho de Martin Luther King. Ao contrário dos álbuns anteriores, é um disco sério, duro, negro, preocupado. Assombrado pela morte e pela guerra - o perdão da Alemanha, na sequência da II Guerra, por exemplo, tão na ordem do dia, é aqui mencionado, prova magna de intemporalidade que viria a ser testada 20 anos depois, quando Steve Jobs usou a expressão para revelar o primeiro Macintosh.