segunda-feira, 31 de julho de 2017

[Fundo de Catálogo] The Zombies - Odessey and Oracle (1968)


Para além dos seus inúmeros predicados, Odessey and Oracle vem provar que nem só Sgt. Peppers servia de inspiração na temporada 1967/68. Os Zombies são muito mais Team Beach Boys do que Team Beatles, isto embora tenham gravado em Abbey Road e fossem conterrâneos dos Fab Four. As harmonias dos Beach Boys, a pop refinada de uns Kinks... o resultado só tem um erro e está no título que saiu Odessey em vez de Odyssey, fruto de eventual desmazelo devido à alegada liberdade que a concepção do disco gozou, sem pressões de êxito comercial. Separaram-se ainda antes da edição que, na altura passou despercebida, acabando o álbum por ser desenterrado. Porque com eles tudo aconteceu tarde. Até as digressões de promoção. 

terça-feira, 11 de julho de 2017

[Fundo de Catálogo] The Incredible String Band - The Hangman's Beautiful Daughter (1968)



Talvez não seja tão bizarro como esta música o foi em 1968, mas não deixa de ser singular que os ouvintes do 3º da Incredible String Band se dividam entre aqueles que na altura adoraram e depois deixaram de gostar, e os que alegam o caminho inverso, ou seja, a estranheza nos anos 60 e a luz anos depois. Não será de estranhar. Embora tenha sido uma pedrada no charco, a música dos Incredible String Band é de difícil audição, sendo que este "difícil" pode ser lido como "quase inaudível". Paralelamente, existe uma geração que bebeu tudo o que este The Hangman's Beautiful Daughter tem para dar. A geração de Devendra Banhart, de Joanna Newsom, a freak-folk que a Wire no arranque do milénio baptizou. 

É também um álbum frequentemente apontado como fundador daquilo a que hoje chamamos world music. Porque introduz elementos da Escócia Natal, das Bahamas, do Oriente e até do Norte de África, para além, claro, dos Estados Unidos. Na altura, os Led Zeppelin foram buscar inspiração e Paul McCartney rendeu-se (a surpresa será o elogio não ter vindo do mais viajado Harrison, mas siga). Um registo que não viaja apenas na música, mas também nas letras e que, ao contrário de Their Satanic Majesties Request não ficou lembrado pela inspiração de Sgt. Peppers na capa. 

sábado, 8 de julho de 2017

[Fundo de Catálogo] Mothers of Invention- We're Only in it for the Money (1968)


Ninguém estaria a salvo. Se em discos anteriores, os Mothers of Invention iam ralhando com assuntos como o Vietname, os direitos civis, o jornalismo e Elvis Presley, We're Only in it for the Money aumenta o raio de acção de Zappa: os hippies (principalmente os hippies), o psicadelismo, a política, os Beatles (basta olhar para a capa), Hendrix e até Donovan. O projecto é tão mordaz e pouco convencional que mesmo nos números em que há uma aproximação ao formato canção fica difícil levá-los a sério. 

terça-feira, 4 de julho de 2017

[Fundo de Catálogo] The United States of America - The United States of America (1968)


Quando os United States of America editam o álbum de estreia, 1968 já ia sendo marcado por um rock mais pesado e que caminhava para a criação de várias linhagens: o hardrock, o heavy metal, o rock progressivo, etc. Mas o que esta banda de um álbum só traz nem guitarras tem, embora existam teclados que não deixam sentir esse buraco. Joseph Byrd, cérebro disto tudo, era seguidor de John Cage, Stockhausen, La Monte Young e Steve Reich e dizia-se desconhecedor das raízes rock, algo que surpreende pela forma como este disco manifesta influências de Jefferson Airplane, Beatles, Velvet Underground e Nico e Mothers of Invention, por exemplo. Sabem aquelas bandas que soam descaradamente a outras bandas que já lá vão, mas referem nunca as ter ouvido? Deve ser verdade. Mas este não é um registo que se distinga pela sua acessibilidade, tal é a quantidade de motivos avant-garde que terá ido buscar aos já mencionados compositores. Importantíssimo para aquilo que viria a ser o krautrock.