quinta-feira, 10 de agosto de 2017

[Fundo de Catálogo] Silver Apples - Silver Apples (1968)


Se existe malta a quem o rótulo "experimental" parece assentar bem é a esta dos Silver Apples, eles que tão surpreendentemente regressaram em 2016, 20 anos, mais coisa menos coisa, depois de terem surpreendido com um outro regresso nos 90s. Mas não é só a forma como parecem brincar em estúdio numa pioneira tentativa de fazer música electrónica, é também a forma como o fazem, manipulando aquilo que a banda apelidou de "monte de lixo electrónico". Portanto, se vos perguntarem qual foi a 1ª banda de música electrónica na história, pelo sim pelo não, arrisquem nos Silver Apples. Uma resposta aprovada pelo enorme filão de bandas kraut que surgiriam na década seguinte.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

[Fundo de Catálogo] Os Mutantes - Os Mutantes (1968)


Tantas vezes apelidado de Sgt Peppers brasileiro, mas tão mais que isso. A estreia homónima de Os Mutantes tem o disco que mudou o mundo como referência máxima, sim, mas, às influências anglo-saxónicas (psicadelismo, doo-wop), adiciona-lhe a cultura local (bossa, samba) que resulta numa personalidade muito própria que mesmo que fosse cantado em inglês não deixaríamos de ter a certeza que seria brasileiro. Gil disse que era uma mistura de Pifanos de Caruaru e Sgt. Peppers. Sobre Panis et Circencis, a banda haveria de confessar a inspiração em "Penny Lane". O que Rita Lee, Arnaldo e Sérgio Dias, em colaboração com Veloso, Gil, Jorge Ben e Rogério Duprat (o George Martin da banda de São Paulo, diz-se) fizeram enquanto ajudavam a inventar o Tropicalismo em tempo de ditadura militar, é só um dos discos mais importantes de sempre e que terá sido mais eficaz que a canção de protesto. Se o tropicalismo pegava na literatura, cinema, música e artes plásticas para criar uma cultura de massas e questionar o que é ser brasileiro, o clássico d'Os Mutantes exporta essa definição. John Lennon e Kurt Cobain, por exemplo, gostaram.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

[Fundo de Catálogo] Small Faces - Ogdens' Nut Gone Flake (1968)


1º disco a contar com uma capa circular e espécie de álbum conceptual sobre uma odisseia espacial? Original não era: Byrds e Pink Floyd já tinham explorado o tema com afinco ainda em 67. Mas reparem, os Small Faces levam-nos até à lua mais de 365 dias antes de Neil Armstrong. A história é a de Stan, ele que vai atrás da metade desaparecida de uma lua em quarto minguante, ponto de partida para uma viagem que é mais uma procura do sentido da vida. Na 2ª e menos interessante metade do álbum, a história é contada e não cantada. Melhor conservada pelo tempo está a 1ª metade, que é uma antítese da 2ª na forma como soa livre e muito menos baseada num guião. A banda considerou-o demasiado complexo para ser tocado ao vivo, a crítica classificou-o como resposta a Sgt Peppers, mas, numa espécie de maldição do ano 1968 e à imagem dos United States of America e dos Zombies, a banda viria a terminar pouco depois de concluir o álbum. Todos esses discos foram importantes, mas o dos Small Faces garantiu um surpreendente sucesso, muito graças a "Lazy Sunday".