segunda-feira, 31 de março de 2014

St. Vincent - St. Vincent


No fundo, está tudo naquele vídeo em que St. Vincent faz corar muitos craques da bola com uma execução perfeita do "rainbow move" - "escolhe qualquer coisa, aprofunda-a, torna-te no melhor". Depois do "rainbow move", St. Vincent atirou-se à arte da guitarra que, tal como o futebol, não conhece muitas executantes no feminino. Esse estudo de St. Vincent levou-a a terrenos nunca antes pisados, conferindo a Annie Clark um som único e uma personalidade singular. 

O terceiro e homónimo álbum de St. Vincent é várias coisas: é o mais pessoal, é o que melhor equilibra melodia com virtuosismo e é o mais equilibrado conjunto de canções que Clark já escreveu. Junta o melhor dos mundos dos três registos anteriores, os dois enquanto St. Vincent e aquele que gravou com Byrne - "Digital Witness" podia estar em Love This Giant. Ainda bem que não está, pois no meio de tanto sopro e aborrecimento cairia no esquecimento. Mas a prova que a artista já domina as linguagens pop vem com "I Prefer Your Love", em que se nota a influência dela mesma, a Rainha Madonna. Brilhante.

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Skaters - Manhattan


Estão a ver aquelas bandas que abrem palcos enormes de festivais de rock, ao final da tarde, para fazer o tempo passar mais depressa à meia dúzia de gatos pingados, cujo fanatismo os levou a ocupar as filas da frente? Os Skaters são mais uma dessas bandas. Mas são mais (ou tentam ser), embora não sejam grande coisa. Tentam decalcar os Strokes e bajular uma cidade que tem muito mais pinta quando é admoestada. Dissemos "bajular"? Nem isso, Nova Iorque é pano de fundo para pobre deambulações destes juvenis. 

A sina dos Strokes é esta: para além de se arrastarem há uns bons anos com o nível de respeitabilidade nos mínimos olímpicos, a banda de Julian Casablancas está condenada a ver a sua influência ser desbaratada por bandas como os Skaters. Nova Iorque tem um legado musical demasiado precioso para nos deixarmos afectar pelos Skaters.  Próximo.

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sexta-feira, 28 de março de 2014

"Blank Project" de Neneh Cherry em 140 caracteres


Mais de 15 anos depois do último álbum, o regresso com Keiren Hebden (Four Tet) e sem cheiro a mofo.

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segunda-feira, 24 de março de 2014

Dena - Flash


A búlgara DENA tenta tanto que acaba por cair no ridículo e parecer tonta. Tenta ser genuína nas suas origens com gestos e referências ao bairro onde terá crescido - o site e a conta de You Tube referem-na como denafromtheblock, título pouco apropriado para quem assentou arraiais em Berlim. Mais: tenta beber do legado de M.I.A., mas não lhe chega perto. Por fim, tenta defender-se do mais que previsível ataque dos haters, na faixa mais old school do registo, "Total Ignore", um enumerar de referências à linguagem internauta.

Na verdade, a única coisa cool no meio de toda esta ausência de personalidade é a presença de Erlend Oye (dos Kings of Convenience) no vídeo de "Cash, Diamond Rings, Swimmingpools".

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domingo, 23 de março de 2014

Bombay Bicycle Club - So Long, See You Tomorrow


Jack Steadman terá percebido que isto de ser mais uma banda de guitarras em 2014 acabaria por esgotar a paciência dos seus compatriotas britânicos, público que, sem grandes explicações, os vem distinguido das milhares de outras bandas que nos vão tentando aborrecer de morte. Algum mérito terão, pensávamos. E tínhamos razão - este So Long, See You Tomorrow comprova-o.

O vocalista dos Bombay Bicycle Club (BBC), dizíamos, percebeu que não se podia manter confinado aquilo que o fazia ouvir em terras de sua majestade e seguiu para este em busca de inspiração. Passou pela Ásia (Japão, Índia), pela Europa (a Holanda rural) e, qual ponto de convergência, a Turquia. Regressou de bolsos cheios - inspirado por Bollywood, pelo hip hop, por James Blake, pelos Broken Bells e por um monte de outras coisas que, audição a audição, teremos o prazer de destinguir. O Cosmopolitismo assenta bem aos BBC.

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sábado, 22 de março de 2014

"Interrupt" dos Bleeding Rainbow em 140 caracteres

Raramente é bom sinal quando uma banda nos lembra que os Guano Apes já foram grandes.

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sexta-feira, 21 de março de 2014

Angel Olsen - Burn No Fire For No Witness



O grande mérito de Waxahatchee (sim, a da canção que a série dos zombies deu visibilidade) está na forma descuidada, natural e sem artifícios com que se confessa perante o ouvinte. Afinal de contas, dor de corno para que te quero senão para criar uma dúzia de grandes canções? Há quem escreva um álbum perfeito e carregado de dor sincera para, logo depois, de deixar aburguesar. Exemplo: Charlie Fink e os seus Noah and the Whale. Infelizmente para nós, felizmente para eles, não há depressão que dure uma vida inteira. Em "Unfucktheworld", a primeira canção deste magnífico Burn No Fire For No Witness, Angel Olsen faz-nos acreditar por alguns segundos que é a Waxahatchee de 2014. É muito mais. 

"Unfucktheworld" é Olsen a dizer-nos que, do primeiro para o segundo disco, as coisas mudaram e, desta feita, até contratou um produtor experimentado. O som grungy faz cria um limbo ente uma atitude mais cândida e uma pose mais determinada. A complexidade da imagem de Olsen expande-se até aos vídeos que ajudam a construir uma identidade misteriosa e levam a algumas comparações vazias com a personagem de Lana Del Rey. A verdade é que, sem orçamentos e milionárias campanhas de marketing, a personalidade de Olsen está bem mais vincada. De resto, o som nostálgico de Burn No Fire For No Witness leva-nos a várias grandes senhoras da canção que a terão, de uma forma ou de outra, influenciado: Joni Mitchell, Cat Power, Hope Sandoval, Laura Marling, Chelsea Wolf e Torres. Em comum entre todos estes nomes: a palavra depressão.

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quinta-feira, 20 de março de 2014

segunda-feira, 17 de março de 2014

domingo, 16 de março de 2014

"Hook" dos Killimanjaro em 140 caracteres


Mais rock 'n' roll de Barcelos, desta feita com o prefixo stoner.

✮✮✮✮✮✮✮☆☆

sábado, 15 de março de 2014

[Volta ao Mundo] Albânia #5: 2Die4


Os 2Die4 são os Black Company albaneses. Foram os primeiros a fazer hip hop na Albânia e altamente influenciados pelo que viam na televisão, vindo do outro lado do Atlântico. Na roupa, nos vídeos, em todo o lado uma referência: 2Pac. Ironicamente, o álbum de estreia foi editado em Setembro de 2001, por alturas do maior ataque de sempre às terras de Tio Sam, e tornou-se num dos discos mais vendidos de sempre da história local. 

A escassez de informação é enorme, mas encontrámos uma página dedicada ao grupo que é gerida por Juri Jurgeni, ele que vai colaborando um dos rappers do grupo. "Os 2Die4 são o único grupo que faz rap a sério na Albânia", diz-nos. "Sao vários os temas que passam pelas letras - a política, intervenção social, etc." 

Os 2Die4 lançaram três discos, tendo o último sido editado em 2004. "Vamos assinalar o dia da edição [de Round 3] com um regresso ao estúdio e vamos gravar algumas coisas, sempre com beats típicos da west coast. Hoje em dia, o rap está em crise e queremos voltar a fazer coisas boas", termina.

quinta-feira, 13 de março de 2014

"Real Hair" dos Speedy Ortiz em 140 caracteres


O melhor que se pode dizer sobre Real Hair é que ficamos a salivar por mais.

✮✮✮✮✮✮✮✮☆☆

terça-feira, 11 de março de 2014

"Hotel Valentine" de Cibo Matto em 140 caracteres


Ah, então foi isto que as Cocorosie tentaram fazer... Excelente cocktail de rap, rock e jazz num regresso que levou 10 anos a acontecer.



domingo, 9 de março de 2014

Katy B - Little Red


Boa parte do material que compõe este segundo álbum de Katy B já era conhecido. Um passo seguro e que antecipou uma sempre difícil mudança de direcção - de Londres para o mundo, do dubstep, grime e drum 'n' bass para o house. E, como o melhor que há no género, apesar de entusiasmante, é rapidamente esquecível. Assim, e apesar das nobres presenças de Jessie Ware e Sampha e do interessante cruzamento entre a Madonna dos 80s e a Adele de 21, apesar de tudo isto, é como se a canção que abre o disco, resumisse tudo: ouvimos, dançamos, esquecemos e partimos para outra.





terça-feira, 4 de março de 2014

"Bum" de Cheveu em 140 caracteres


Se o punk meio industrial meio psicadélico dos franceses Cheveu não fosse tão bom, o humor nonsense de Bum não teria defesa possível.



segunda-feira, 3 de março de 2014

"Along the Way" de Mark McGuire em 140 caracteres


No primeiro álbum a solo pós-Emeralds, a guitarra de Mark McGuire traz ecos de The Edge e cria momentos de progressiva euforia.