quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Capitães da Areia - A Viagem dos Capitães da Areia a bordo do Apolo 70


É uma odisseia no espaço em pleno ano 2015. Uma que só olhando para capas e títulos nos lembra Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band e 10.000 anos depois entre Vénus e Marte. É mesmo uma odisseia, sim, E, sim, A Viagem dos Capitães da Areia a bordo do Apolo 70 é assim tão ambiciosa. Como qualquer grande odisseia, há duelos de titãs - os Capitão Fausto versus os Capitães da Areia e (melhor, muito melhor) Rui Pregal da Cunha versus Toy - e tem Xungaria. E esta vem do céu e, como sabemos, "no princípio criou Deus o céu e a terra". E o céu é o universo. E o universo é o cenário esta odisseia. O cosmos, esse "lugar perigoso", como explica José Cid "Algures Entre Vénus e Marte", a arder, n'"um lugar ao sol", como o de Miguel Ângelo na capa disto tudo. E depois há os heróis, claro, os heróis como em qualquer odisseia. Heróis do Mar e da Sétima Legião - "Bem-vindos a Portugal", há-de esclarecer Reui Veloso, perdão, Manuel Fúria, lá para o fim. E há momentos que nos lembram outras odisseias intemporais como aquela dos Da Weasel, Amor, Escárnio e Maldizer, com Simão Sabrosa e os Gados Fedorento. Momentos como "Canção-Indigestão", com Bruno Aleixo, "Cintura de Velhinhas", com Tiago Pereira e as velhinhas, ou "A Partida para o Espaço" com frases intemporais. "Rotação e translação, vamos todos para Ibiza!". Siga.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Viet Cong - Viet Cong


Voltar a 2005, numa altura em que os Bloc Party e os Franz Ferdinand se estreavam seguindo os ensinamentos dos Gang of Four, mas sem se cingirem à mera função de copistas, e, horas depois, regressar a 2015 para ouvir a estreia dos Viet Cong só pode ser uma feliz coincidência. Mas estes últimos conseguem levar a tarefa ainda mais longe: sem sacrificar o apelo melódico das canções, estes 37 minutos revelam-se muito mais desafiantes que qualquer coisa saída no temporada 2004/2005, esse revivalismo pós-punk que felizmente tinha o tempo contado. E nem era preciso lembrar que o baterista Mike Wallace e o Matt Flegel vêm das cinzas dos Women. 


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

BC Camplight - How To Die in the North


Já ninguém dava nada por Brian Christinzio. Depois de dois discos fantasma, de 2005 e 2007, o homem retirou-se e mudou de cidade e país, de Philadelphia para Manchester. Em Inglaterra, num pub, terá sido encorajado por um conjunto de músicos locais a regressar à música que lhe tinha dado em reconhecimento artístico aquilo que faltou no comercial. Muito do que se passa em How To Die in the North está no vídeo promocional de "Just Because I Love You": nada de novo - o disco é, aliás, muito nostálgico -, mas um mais do mesmo (ecos de outro Brian, o Wilson, e soul setentista) que não nos largará ao longo dos próximos meses. Viciante.

sábado, 17 de janeiro de 2015

TUT - Preacher's Son


Entre Deus e o pecado, a fé e a razão, o milagre e a tentação. Preacher's Son passeia-se neste limbo que está entre as ruas e a igreja, sendo TUT o filho do pastor. Abre com o relato do aumento do crime nas ruas de Chattanooga, Tennessee, e sampla em "Sunday Morning", penúltima faixa, um culto de Domingo de manhã. A impecável produção jazzy e um grupo em comum (The House), valem-lhe algumas comparações com o conterrâneo Isaiah Rashad, com quem fecha o álbum numa colaboração na sarcástica "Sunday Service". Lembramo-nos também de Chance The Rapper. Viva 2015!


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Death Grips - Fashion Week


A primeira grande edição surpresa de 2015 não é assim tão surpreendente. Desde 2011, com Exmilitary que os Death Grips nos habituaram a esperar apenas o inesperado. Na altura tudo soava provocação, caos, uma articulada e pertinente manifestação anti-capitalismo, de punho fechado. O timing era perfeito, a crise financeiras, o movimento Occupy, a Primavera Árabe. Depois de Niggas on the Moon, mais do mesmo, mais rap apunkalhado contra tudo e contra todos, mas sem metade do entusiasmo, anunciavam o fim. Mais um truque? Aparentemente. Fashion Week balança-se entre aquilo que nunca vamos ouvir em Milão ou Paris e alguns instrumentais que encaixam na semana da moda. As canções chamam-se todas "Runaway" mais uma letra do alfabeto - todas juntas criam uma espécie de código: "Jenny Death When". Em Fevereiro há mais. Depois: o fim? 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Os nossos 28 melhores álbuns de 2014


Há várias razões para que as listas do À Perfeita Repetição só sejam realizadas em Janeiro. Um: o ano só terminou hoje. Dois: os balanços só se fazem das 23h59 para a frente não vá um D' Angelo editar uma obra-prima que nos faça arrepender de não ter esperado mais uma semanas. Três: ouvem-se discos até ao dia 31 de Dezembro - o ritmo de edições anual é cada vez mais difícil de acompanhar. Top de 27 álbuns de 2014 em 2015:

1 - Run the Jewels - Run the Jewels II
2 - Vince Staples - Hell Can Wait EP
3 - Sleaford Mods - Divide and Exit
4 - cLIPPINg - CLPPNG
5 - Ariel Pink - Pom Pom
6 - Madlib & Freddie Gibbs - Piñata
7 - Angel Olsen - Burn Your Fire for No Witness
8 - War on Drugs - Lost in a Dream
9 - St. Vincent - St. Vincent
10 - Capicua - Sereia Louca
11 - Pearls Negras - Biggie Apple
12 - Wild Beasts - Present Tense
13 - Shamir - Northtown
14 - Tinashe - Aquarius
15 - Kelis - Food
16 - Perfume Genius - Too Bright
17 - Banda do Mar - Banda do Mar
18 - Real State - Atlas
19 - How To Dress Well - "What is this heart?"
20 - Sinkane - Mean Love
21 - Lykke Li - I Never Learn
22 - Amen Dunes - Love
23 - Fatima - Yellow Memories 
24 - Big Freedia - Just Be Free
25 - Crioulo - Convoque Seu Buda
26 - Mac DeMarco - Salad Days
27 - Capitão Fausto - Pesar o Sol
28 - Woods - With Light and Love