sexta-feira, 21 de março de 2014

Angel Olsen - Burn No Fire For No Witness



O grande mérito de Waxahatchee (sim, a da canção que a série dos zombies deu visibilidade) está na forma descuidada, natural e sem artifícios com que se confessa perante o ouvinte. Afinal de contas, dor de corno para que te quero senão para criar uma dúzia de grandes canções? Há quem escreva um álbum perfeito e carregado de dor sincera para, logo depois, de deixar aburguesar. Exemplo: Charlie Fink e os seus Noah and the Whale. Infelizmente para nós, felizmente para eles, não há depressão que dure uma vida inteira. Em "Unfucktheworld", a primeira canção deste magnífico Burn No Fire For No Witness, Angel Olsen faz-nos acreditar por alguns segundos que é a Waxahatchee de 2014. É muito mais. 

"Unfucktheworld" é Olsen a dizer-nos que, do primeiro para o segundo disco, as coisas mudaram e, desta feita, até contratou um produtor experimentado. O som grungy faz cria um limbo ente uma atitude mais cândida e uma pose mais determinada. A complexidade da imagem de Olsen expande-se até aos vídeos que ajudam a construir uma identidade misteriosa e levam a algumas comparações vazias com a personagem de Lana Del Rey. A verdade é que, sem orçamentos e milionárias campanhas de marketing, a personalidade de Olsen está bem mais vincada. De resto, o som nostálgico de Burn No Fire For No Witness leva-nos a várias grandes senhoras da canção que a terão, de uma forma ou de outra, influenciado: Joni Mitchell, Cat Power, Hope Sandoval, Laura Marling, Chelsea Wolf e Torres. Em comum entre todos estes nomes: a palavra depressão.

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