sexta-feira, 3 de junho de 2016

[Fundo de Catálogo] Bob Dylan - Highway 61 Revisited (1965)

Sabíamos que Dylan (e, consequentemente, o mundo) estava a mudar. A forma como ligou Bringing It All Back Home à corrente é sintomática. Meio acústico, meio eléctrico, Dylan anuncia aquela que viria a ser a grande metamorfose da sua carreira - entretanto, no mês anterior, chocara o público do Newport Folk Festival com um set generosamente ligado à corrente. Enfim, a história está mais do que batida, não vamos dizer que, de um lado estavam os chatos dos fãs acústicos, do outro os que adivinham ali o homem que ia mudar isto tudo. Também sabemos que Robert Allen Zimmerman tinha ganho sensibilidade política com os pais de ex-namorava Suze Rotolo, entre 61 e 64. Não admira que este Highway 61 Revisited se foque tanto na análise social e política, aliado a um som inevitavelmente mais bruto. Este é o seu primeiro disco quase 100 por cento rock.



A história da Estrada que protagoniza o 6º álbum do músico guarda alguns factos e mitos. Foi por aqui que nasceram e/ou viveram Muddy Waters, Son House, Elvis e Charley Patton. Bessie Smith faleceu aqui e, diz a lenda,  que foi no cruzamento da 61 com a Route 59 que Robert Johnson vendeu a alma ao diabo. E, claro, é também a estrada que levava à casa de Dylan. A gravação não terá sido pacífica, com Dylan a equacionar desistir disto tudo. Imaginem, um mundo sem Dylan. É possível? Mas, vá, depois chegou a "Like a Rolling Stone" e voltou a sentir que teria que fazer disto vida. Como não concordar? "Like a Rolling Stone", a abrir, rivaliza em ambição com a última "Desolation Row", canção de 11 minutos, imagine-se. Um name dropping de 11 (!!) minutos em 1965, num disco rock? Ou louco, ou génio ou as duas coisas. 


Nesta altura, independentemente das críticas à electrização, cada disco era melhor que o anterior.

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