sábado, 11 de janeiro de 2014

Sharon Jones & The Dap Kings - Give the People What They Want


A celebração de Sharon Jones já dura há mais de dez anos, altura em que editou o álbum de estreia. Jones, à imagem de Charles Bradley, faz parte de um restrito conjunto de artistas que viu o seu talento ser tardiamente reconhecido - já tinha celebrado o seu 45º aniversário quando Dap Dippin' with Sharon Jones and the Dap-Kings sai para as ruas. Sharon e Charles são a resposta às majors, as mesmas que acusaram Jones, nos finais dos anos 70 e início dos 80, de ser demasiado pequena, demasiado negra (valha-nos Deus) e demasiado gorda para se tornar numa cantora pop bem sucedida. As mesmas majors que nos dizem que a soul tem idade e que não sabe transformar uma boa história numa excelente manobra de marketing. "Alguém estará errado algures", diz ela e com toda a razão. Felizmente, a lacuna foi ocupada pela Daptone Records, a editora que aponta para um revivalismo soul, funk e gospel, sempre com a Motown e a Stax como referência.

Give the People What They Want é para levar à letra. O auto-explicativo título deixa claro que não está aqui um disco arriscado ou muito diferente da fórmula explorada por Sharon Jones e os Dap Kings. Sò pede meia hora das nossas vidas, meia hora de festa, meia hora de centrada na voz de alguém que ganhou uma batalha contra a indústria e outra contra o cancro. Leia-se a carta que deixou aos fãs, após a cirurgia que lhe a salvou para perceber a alegria e a vontade que Jones tem de viver, de actuar, de nos dar um álbum ou um concerto. E é precisamente em palco que a experiência é elevada ao quadrado. Que se faça do título deste álbum uma realidade: que a digressão não nos exclua desta celebração, a de Sharon Jones. E a nossa.

 

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