sábado, 6 de setembro de 2014

Kelis - Food


Desde que a relação entre Kelis e Nas terminou, a um nível meramente qualitativo, ambos seguiram caminhos bastante distintos. O rapper regressou em boa forma com Life is Good, título que força a ideia de que já teria ultrapassado o complicado divórcio e Kelis editou Fresh Tone, cujo título também tem uma conotação literal mas ambígua - novo começou, depois do divórcio? Desvio criativo? A mudança de som é tão radical que apostamos as fichas todas na segunda hipótese. Com este álbum, e como é seu apanágio, Kelis atirou-se ao inesperado e juntou-se, por exemplo, a David Guetta e Benny Benassi - artistas que, relembre-se, fecharam a edição 2014 do Sudoeste, no Dia D, "D" de DJs e de dança. 

E agora algo completamente diferente: um álbum soul. "A sério, a voz de "Milkshake" a atirar-se à soul clássica da Motown, da Stax ou da Deep City?" Poderia ter corrido muito mal. No papel, a voz de Kelis é demasiado frágil para este tipo de som. Na prática, com Dave Sitek a bordo, na produção, a coisa é bem diferente e a grande arte de Food está na forma como camufla tão bem as fragilidades de Kelis e as transforma em forças. Surpreendentemente (Kelis não o sabe fazer de outra forma), o sexto disco da interprete (mais do que tudo, Kelis já provou que é uma enorme interprete) é um triunfo.

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