domingo, 5 de fevereiro de 2017

[Fundo de Catálogo] The Beatles - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967)


Depois de Rubber Soul, disco perfeito e sem canções para encher (Brian Wilson dixit), de Revolver, iniciação ao psicadelismo num disco livre e o último que terá contado com um grupo unido na sua composição. Sobre as gravações de  Sgt Peppers..., Ringo haveria de dizer mais tarde que só se lembra de aprender a jogar xadrez e George Harrison confessar-se-ia irritado e longe do resto do grupo. Nas palavras do próprio: "era Lennon a criar ao piano e o Ringo a manter o tempo". Brian Wilson, homem cuja visão, frustração e perfeccionismo ia puxando a pop para lá dos limites que eram derrubados todas as semanas (pelos Doors, pelos Jefferson Airplane, pelos Velvet Underground, por Jimi Hendrix, só para nos ficarmos nos seis primeiros meses de 67), haveria de atirar a toalha ao chão. Os Beatles passavam a jogar num campeonato só seu.

1 de Junho de 1967, o mesmo dia da edição da esquecida e esquecível estreia de David Bowie, três dias depois do incidente no Tompkins Square Park, no Memorial Day, o início do fim do Summer of Love. Sgt Peppers Lonely Hearts club band tornou-se a banda sonora dessa geração a par, claro, de “SanFrancisco (Be Sure to Wear Flowers in Your Hair)”, escrita e interpretada por membros dos The Mamas & The Papas, sempre excelentes na descrição de banalidades, seja o movimento hippie, seja uma segunda-feira. E só não conseguimos referir que a relação foi reciproca porque o registo terá sido gravado ao longo de quatro meses, uma eternidade para a altura. Sim, numa altura em que já tinha abandonado de vez os palcos, e de forma irónica, os Beatles terão passado o movimento todo em estúdio.

O objetivo seria uma obra conceptual sobre uma banda ficcional, a que dá título ao disco e que vai sendo introduzida canção a canção. Rapidamente aborreceram-se e fica apenas a introdução da faixa-título, a que apresenta Billy Shears aka (?) Ringo Starr, na interpretação de "With a Little Help From My Friends". O conceito de concerto perde-se e o registo mesmo tendo sido importante para a afirmação do álbum, acaba por funcionar como um álbum normal. Face to Face, dos Kinks, e Velvet Underground & Nico, dos Velvet Underground, serão obras mais válidas na exploração de um conceito. 

E será Sgt Peppers o melhor disco de todos os tempos? Existe algum consenso à volta desta ideia: o primeiro álbum rock a ganhar o Grammy para "Melhor Álbum", o conceito, a capa (porque não?), as inovadoras técnicas de produção e até uma ou outra opinião contrária que só o legitima. Mas Sgt Peppers terá canções a mais. Algumas não estão ao nível do rótulo de melhor de sempre, principalmente ali entre "When I'm Sixty Four" e a “Reprise”. Lennon chegou a referir-se a "Good Morning, Good Morning" como "lixo". Mas teremos sempre “Lucy in the Sky with Diamonds”, “She’s Leaving Home” e “A Day in the Life”


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