Os Doors pela segunda vez em menos do ano, nada surpreendente no ritmo editorial dos sessentas, embora muito deste material venha na sequência de canções já pensadas no tempo pré-álbum de estreia. Quer isto dizer que Strange Days segue a linha sonora de The Doors, mas permite à banda investir mais tempo na exploração de estúdio. Também eles eram inspirados por Sgt. Peppers. Quem não?
Nota-se que Morrison permite-se explorar ainda mais fundo a sua veia poética. Há. aliás, uma faixa simbólica no reforço dessa ideia: "Horse Latitudes", 95 segundos em registo spoken word. Não é tão conturbado como a estreia, não é um terramoto que foi aquele disco editado no arranque de 1967, não tem faixas censuradas e não tem nenhuma "Light My Fire", embora a complexidade lírica de "When the Music is Over" rivalize de certa forma com a faixa matriz de The Doors. Os Doors eram anti-establishment, estavam nos antípodas do Summer of Love. A filosofia, o misticismo e a arte guiavam um deprimido e negro Jim Morrison. O resultado soava invariavelmente escuro.
The Doors vendeu mais de 7 milhões de cópias, Strange Days não chegou aos 2 milhões de exemplares. Os hippies tinham os dias contados. Estava tudo de regresso ao normal.
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